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O futebol feminino nas Olimpíadas

GLENN STENGER CABECA hojesc

Antes de falar sobre o futebol, preciso fazer o registro da participação brasileira feminina nessa edição olímpica. Não contesto números. E os números mostraram que nossas representantes tiveram desempenho muito superior ao desempenho masculino. Parabéns à todas!

Mas nosso bate-papo é sobre futebol. E vamos a ele.

Não tenho por prática assistir jogos de futebol feminino. Entendo que não tem o mesmo nível de intensidade, força e até habilidade que o futebol masculino (se bem que também presenciamos jogos masculinos muitíssimo abaixo da crítica, mas aí é tema para próxima conversa).

Particularmente acredito que algumas regras e dimensões deveriam ser alteradas para que o jogo das meninas ganhasse mais dinamismo. Redução das dimensões do campo, 3 tempos de 30 minutos ao invés de 2 tempos de 45, maior número de substituições, dentre outras. Não se mudaria o contexto geral do jogo, mas se adaptariam condições para que o jogo ficasse mais intenso.

Mas o que sempre discutimos aqui é o futebol como maior produto de entretenimento e gerador de receita em nosso planeta. E aí tenho que fazer algumas considerações.

Quando orbitei pelo mundo do futebol, ouvi que os geradores de conteúdo (televisão, streamers, redes sociais) precisariam de um produto mais barato que o futebol masculino para poder encher suas grades de programação, pois os custos de compra de direitos de transmissão estão estratosfericamente altos. Seguindo esse raciocínio, seria muito importante colocar o futebol das meninas em evidência. Seria o mesmo esporte, com o mesmo apelo e infinitamente mais barato.

Não seria do dia para a noite que a mudança de chave ocorreria, mas com o tempo as pessoas iriam se acostumando em mudar seus conceitos e os adquirentes pagariam muito menos para poder retransmitir.

E aí tivemos a Olimpíada. E por sorte e competência das atletas o desempenho da seleção foi além das expectativas. E o que eu acho disso? Acho ótimo.

O desempenho acima do esperado fará com que possamos ter um enfoque maior nos próximos anos. E em 2027 teremos, aqui no Brasil, algo muito mais representativo que as Olimpíadas. Teremos a Copa do Mundo de Futebol Feminino. BH, Porto Alegre, Brasília, Cuiabá, Manaus, Salvador, Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo receberão jogos do torneio. Dinheiro do mundo todo entrando no caixa dos setores de comércio e serviços dessas cidades. Dólares e euros. Que não estariam circulando acaso os gringos não viessem para cá sob o pretexto de acompanhar os jogos.

E aí entra o desempenho nas Olimpíadas como fator agregador. Se o desempenho fosse ruim, as expectativas também seriam ruins e deixaríamos dinheiro pelo caminho. Agora, com a medalha de prata alcançada, destaque midiático, novas atletas em destaque, a tendência é que tenhamos mais “olhos” voltados à Copa.

Como já disse hoje aqui no texto, não sou um fã do futebol feminino. Mas também não sou cabeça dura. Que se dê o destaque necessário, que os níveis técnico e físico do esporte sejam aprimorados e que possamos ver bons jogos. E bons jogos trarão receita. E essa receita fará bem aqui para nosso amado país tupiniquim.