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Digitalização amplia possibilidades de empreendedorismo

GIANCARLO BEDIN ECONOMIA E NEGÓCIOS

De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas – FGV, as vendas via e-commerce atingiram cerca de 16% de todo o volume do varejo brasileiro no primeiro trimestre de 2024. Esse percentual supera com folga os valores registrados antes da pandemia de SARS COVID 19, quando o e-commerce respondia por 9,2% do varejo nacional.

Não bastasse o significativo percentual de participação nas vendas do varejo nacional, o Brasil é também um dos países onde o e-commerce mais cresce. De acordo com pesquisa do instituto eMarketer.com, enquanto a média mundial de crescimento anual das vendas online em 2022 foi de 9,7%, no Brasil esse número atingiu 17,2%, colocando-nos entre os 10 países de maior ritmo de crescimento do comércio eletrônico.

O impacto da expansão do e-commerce não se dá apenas no volume de vendas. De acordo com o levantamento Perfil do E-Commerce Brasileiro, da BigDataCorp, em 2023 o número de lojas virtuais brasileiras também aumentou em 17%, chegando a mais de 1,9 milhão. Essas lojas atingiram 87,8 milhões de compradores, representando 43% da população brasileira.

A exuberância dos números e do ritmo de crescimento do comércio online podem sugerir que as oportunidades de ampliação de negócios e ampliação de produtividade via empreendedorismo digital estejam sendo rapidamente exploradas. Um dado simples, contudo, sugere que essa interpretação está longe de corresponder à realidade.

De acordo com a FGV, o percentual de empresas brasileiras sem vendas online atingiu 32,8% no primeiro trimestre de 2024. Esse número é um avanço quando se compara com o período anterior à pandemia, quando quase a metade das empresas brasileiras (49,7%) não possuía vendas online. Por outro lado, a observação dos dados nos mostra que o percentual de lojas sem venda online tem se mantido de certa forma estável no período pós pandemia, sempre oscilando próximo à casa dos 30%.

Não é difícil perceber que, ao se defrontar com uma crise de proporções tão significativas como foi a pandemia de SARS COVID 19, houve uma mudança de patamar na utilização do ambiente digital para geração de negócios. Após a crise a evolução passou a se dar em ritmo normal, mais próximo da estabilidade.

Os dados apresentados consideram apenas a dimensão de vendas. Se na área de vendas, que tende a ser uma das primeiras a ser objeto de esforço para ampliação de impacto nas empresas, ainda se apresentam muitas oportunidades de expansão da digitalização, como será a realidade nos demais processos empresariais? Quais serão as oportunidades em processos como gestão, governança, controle, operações, relação com os consumidores, acesso a novos mercados, novos negócios, dentre outros?

A questão que se coloca é: Será que não podemos avançar mais? Será que não há novas oportunidades de geração de valor e de ampliação de produtividade que possam ser desenvolvidas e colhidas e que possam gerar mais impacto e desenvolvimento à sociedade?

Diz-se que empreendedor é aquele que cria produtos ou serviços que atendem necessidades da sociedade e que faz disso o ganha pão de sua família bem como de várias famílias, gerando impacto e valor para a coletividade. Locais com cultura de empreendedorismo, como é o caso de Santa Catarina – primeiro lugar no ranking nacional de empreendedorismo entre os pequenos negócios, conforme pesquisa divulgada pelo Observatório de Negócios do Sebrae – potencializam as oportunidades de desenvolvimento para sociedade. Potencial que cresce ainda mais com a disponibilidade de informação, globalização e internet, elementos cada vez mais presentes e difundidos em nossa sociedade.

A resposta, portanto, é um sonoro sim. O empreendedorismo digital tem um papel cada vez mais relevante a desempenhar na construção do desenvolvimento econômico e social de Santa Catarina. E, considerando que o empreendedorismo digital vai além das fronteiras tradicionais, reduzindo barreiras de entrada e permitindo a conquista de clientes com mais facilidade, fica claro o papel cada vez mais importante que Santa Catarina tem oportunidade de desenvolver na construção do futuro do Brasil e na ampliação de sua integração às cadeias de valor globais.