Dias atrás eu ganhei duas garrafas de vinhos argentinos de presente de um amigo que foi para Foz do Iguaçu passear com a família. Ele foi até Puerto Iguassu conhecer o lado de lado do Parque das Cataratas. Dizem que os argentinos têm a melhor vista das quedas do Rio Iguaçu porque conseguem enxergar na sua plenitude o lado brasileiro.
Meu amigo reclamou muito da fila para entrar na Argentina. Se você não vai de táxi e pega um tal corredor turístico, você fica mais de uma hora para tentar atravessar a fronteira, e aproveitar a desvalorização do dinheiro local em relação ao real e ao dólar. As compras de alguns produtos na Argentina compensam bastante, principalmente se o foco da sua compra é vinho.
O Bramare Malbec custa 3 vezes menos na fronteira do que numa distribuidora no Brasil, assim como o El Enemigo Bonarda que quase quadruplica de valor quando é vendido aqui. Impostos, logística, protecionismo da indústria nacional de vinhos, isso é o custo Brasil, que numa fronteira extensa como a nossa convida os consumidores para o contrabando e o descaminho.
Abri as duas garrafas e digo para vocês uma coisa: o Bonarda da El Enemigo está muito bom, um vinho excelente, que entrega muito paladar. Passei anos só tomando uva Malbec, era a minha preferida, mas fui evoluindo e hoje em dia me abri para outras variedades. A Bonarda é a segunda uva mais plantada no país vizinho. Os argentinos importaram essa planta da França por seu uma espécie que se adapta bem ao clima local. Como Mendoza é um deserto, com muito sol todo o ano e temperaturas altas no verão, a Bonarda se sentiu em casa.
Muita gente fala que a Bonarda é uma uva exótica. Não sei se esse é o termo adequado, mas eu acho ela uma uva muito boa, principalmente quando cai nas mãos de um enólogo como Alejandro Vigil, da El Enemigo, um cara que ganhou 100 pontos em dois vinhos que produz atualmente, o Gran Enemigo e o Adriana Wineyards, em parceria com a Catena Zapata.
A Bonarda é uma uva que produz um vinho que quando colocado na taça apresentar uma cor rubi forte, com tons violeta; entrega aromas de frutas vermelhas como amora, morango e cereja; e na boca os seus taninos são mais suaves e leves, apesar de por vezes ter um toque de pimenta, um toque picante. Tudo isso pode variar, depende do vinho, se ele passa ou não por barricas de carvalho, que acabam dando um toque de baunilha no paladar final.
Liguei para este meu amigo para agradecer os vinhos, falar que tinha preferido o Bonarda, e ele me disse que a opinião dele era a mesma. Fiquei ainda mais feliz quando ele me disse o preço que ele pagou neste vinho, apenas 60 reais. Dá para acreditar? Viva a Argentina!!!!
Dicas da semana
1 – vinho El Enemigo Bonarda. Safra 2022. 100% uva Bonarda. 13,5% de teor alcoólico. No site da importadora Mistral por R$ 286,00
2 – vinho Bramare Lui;an de Cuyo. Safra 2022. 100% uva Malbec. 14,9% de teor alcoólico. Nos site de e-commerce entre R$ 370,00 e R$ 420,00