
Segundo os dados mais recentes do Sebrae, as micro e pequenas empresas são responsáveis por quase 30% do PIB do Brasil. Mas segundo o IBGE, aproximadamente 25% das MEIs, MEs e EPPs encerram as suas atividades em menos de 5 anos. Estes dados nos mostram dois aspectos muito importantes sobre os empresários brasileiros: eles têm a paixão por construir e a resiliência para enfrentar desafios, que são qualidades que os levam a se aventurar em novos negócios. Porém, muitos não tem conhecimento sobre gestão, característica fundamental para garantir o sucesso a longo prazo.
As micro e pequenas empresas carregam uma fragilidade que muitas vezes é invisível para quem está de fora: o impacto de cada erro cometido. Para uma grande empresa, investir em uma campanha ousada e o resultado não atingir a meta desejada, pode ser apenas um aprendizado dentro do orçamento milionário que pode ser facilmente corrigido. Para um pequeno negócio, cada passo em falso representa perda de faturamento, investimento desperdiçado dentro de um orçamento muito limitado e que pode comprometer a continuidade da empresa. É por isso que o marketing precisa ser visto como pilar estratégico e não apenas como um acessório.
O primeiro passo é ter clareza sobre onde vale a pena investir energia, tempo e dinheiro. Uma empresa pequena não pode se dar ao luxo de gastar recursos em ações que não estejam conectadas diretamente ao seu público alvo. Isso significa que cada decisão precisa ser embasada em análises profundas que definem decisões estratégicas.
Uma boa forma de começar é analisando o mercado e o cenário em que o negócio está inserido. Olhar para os concorrentes diretos e indiretos ajuda a entender quais são as forças e fraquezas de cada um, além de identificar oportunidades que você pode explorar ou as ameaças que você deve se precaver.
O segundo passo que eu sempre indico é saber exatamente quem é o público que se quer alcançar. O erro mais comum de pequenos empresários é acreditar que o seu produto serve para todos. Ao tentar atingir todo mundo, você acaba não atingindo ninguém de forma eficiente. O público ideal é aquele que realmente tem interesse no que você oferece e, principalmente, tem poder de compra para comprar. Definir esse público com clareza é básico para todo o planejamento de marketing.
Agora que você já sabe o que vender e já sabe para quem vender, a próxima etapa é definir o por que o seu cliente escolheria comprar de você e não o seu concorrente. Quais são os seus diferenciais, que fariam você ganhar uma briga comercial? Muitas vezes este diferencial não está em oferecer algo completamente novo, mas em executar melhor. Pode ser um atendimento mais próximo, um prazo de entrega mais rápido, um processo mais simples ou até mesmo um preço mais acessível. O importante é destacar esses atributos de forma intencional, para que o cliente perceba rapidamente o valor de escolher a sua empresa.
Um outro ponto de atenção é a precificação adequada. Muitas empresas delegam esta atividade para o departamento financeiro, quando na realidade, esta deve ser uma tarefa a 6 mãos: financeiro, marketing e contabilidade. Muitas empresas se posicionam como preço baixo, mas essa estratégia pode ser perigosa. Preços muito reduzidos corroem a margem de lucro e comprometem a sustentabilidade da empresa. Outro fator de risco é não considerar a tributação e impostos obrigatórios para o seu setor. Então, estas três visões são fundamentais para que o seu preço seja definido de forma saudável para o seu negócio e viável para o seu cliente.
Depois de tudo isso, não se esqueça de medir os seus resultados. Com um orçamento limitado, é indispensável saber o que está funcionando e o que precisa ser ajustado. Isso significa acompanhar indicadores de vendas, retorno de campanhas, satisfação dos clientes entre outros indicadores de performance. Só com esta análise contínua é que você vai saber no que deve continuar investindo ou o que deve ser corrigido.
Entenda que ter uma estratégia de marketing na sua empresa não é um luxo. Uma estratégia bem pensada é o que vai garantir que cada real investido tenha chances maiores de se transformar em faturamento e crescimento. O empresário que entende isso passa a ter mais clareza e segurança para tomar decisões. Afinal, quando o orçamento é curto, o espaço para erros é mínimo. Mas com as escolhas certas, mesmo um negócio pequeno pode alcançar grandes resultados.
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