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EDITORIAL

A pilantragem escancarada: a vergonha do presidente da Câmara que fere a honra do Brasil

hugo motta serio

O que se apresenta como um negócio imobiliário comum é, na verdade, uma afronta à moral pública e um ultraje ao eleitor brasileiro. Em 23 de janeiro de 2025, pouco antes de assumir a presidência da Câmara dos Deputados, Hugo Motta registrou a compra de um apartamento de luxo em João Pessoa — avaliado entre R$ 3,8 milhões (valor fiscal) e R$ 5 milhões (valor de mercado) — por apenas R$ 125 mil em escritura.

Uma declaração tão ínfima — meros 3,2% do valor fiscal — é, no mínimo, suspeita. O professor Thiago Bottino, da FGV-Rio, aponta que “se a pessoa paga ITBI sobre R$ 3,8 milhões e registra R$ 125 mil, isso sugere um pagamento parcial não declarado, possível forma de lavagem de dinheiro”. Outro especialista da USP reforça: discrepâncias absurdas desse tipo presumem pagamento “por fora”.

De acordo com reportagens de jornais de grande circulação, a construtora afirmou ter recebido os R$ 125 mil apenas pela fração do terreno, e não pelo imóvel completo — mas não se pronunciou sobre o registro ter ocorrido somente após a construção.

Não se trata de mera coincidência ou equívoco contábil. É um golpe descarado à credulidade dos brasileiros. A soma das transações imobiliárias da família — mais de R$ 5,8 milhões em aquisições desde 2022, inclusive um terreno no Lago Sul e fazenda na Paraíba — reafirma o padrão de enriquecimento vociferantemente predatório.

O que é ainda mais vil é que isso parte de quem ocupa um dos cargos mais altos do Legislativo. O presidente da Câmara, nomeado para liderar a moral e os interesses do povo, age com descarada desfaçatez, ferindo os princípios de decoro, dignidade e ética que deveriam reger sua posição. Uma postura desse tipo não passa de cinismo político — vale lembrar que seu patrimônio declarado ao TSE em 2022 era de apenas R$ 1,1 milhão, enquanto o salário dos deputados saltou de R$ 33 mil para R$ 46 mil.

É uma afronta direta aos brasileiros — às famílias que lutam para pagar seus impostos e aos eleitores que depositaram confiança num parlamentar pouco afeito à honestidade. O silêncio de Hugo Motta diante das insistentes tentativas de esclarecimento da imprensa — que ligou, mandou mensagens e recorreu à assessoria de imprensa — só agrava a situação. O desdém por prestar contas à sociedade é simbólico de quem se julga acima da lei e dos valores republicanos.

A verdade nua e crua é esta: estamos diante de um político que caminha sobre a ética como se fosse entulho, que mente em registros públicos para fraudar impostos, que desrespeita eleitores e expõe a Câmara a escândalo. Uma vergonha para o cargo que ocupa, um insulto à dignidade nacional. Que este episódio se transforme em grito coletivo — por transparência, por justiça, por respeito aos cidadãos.

Foto: Marina Ramos/Agência Câmara

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