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A censura que o X sofreu foi aberta. A censura que a CBF fez foi indireta

GLENN STENGER CABECA hojesc

Um dos temas mais citados nos últimos dias em nosso país foi, sem sombra de dúvida, a censura imposta à rede social X. O argumento utilizado para sua suspensão beira ao ridículo (não haver representante legal para responder por ela no Brasil), quando sabemos de “n” outras plataformas que também não possuem representantes e que continuam operando como se nada tivesse acontecido. As outras apenas diferem do X no tocante ao “confronto” com os detentores do poder na nossa pseudodemocracia.

Esse processo foi tratado à exaustão e amplamente divulgado. Mas houve outra censura recente não explícita.

Alguém aqui se perguntou por qual motivo o jogo da Seleção Brasileira foi numa sexta-feira, às 22 horas? Quem monta a tabela não é a CBF em conjunto com a Conmebol? Não poderia ter sido na quinta-feira, dia que seria mais apropriado? Não poderia ser no sábado, feriado nacional, e atraindo muito mais gente para frente da TV?

Nada é de graça, tudo tem um motivo. A CBF colocou o jogo nesse horário com a única finalidade de atrapalhar o primeiro jogo da NFL na América do Sul. Atrapalhar e ofuscar o espetáculo que estava já programado há vários meses.

Proporcionalmente a NFL é a liga que mais gera dinheiro. O futebol gera mais pois tem amplitude mundial. O futebol americano ainda está muito restrito ao próprio país. Quando se proporcionaliza a conta, a NFL ganha de lavada…

Não interessaria aos barões da CBF, que faturam mais que 1 bilhão por ano com a seleção, deixar que um novo esporte fosse apresentado ao seu público. Mais que isso. Um esporte interessante, organizado, muito físico e que não está sujeito às malandragens dos “cartolas” que lucram sobre um produto que não lhes pertence.

Nenhum esporte tem audiência se não for transmitido ao vivo. A graça está na emoção “on time”. Colocando o jogo da seleção no mesmo horário do jogo da NFL, a CBF abafou o espetáculo. Rotulem como queiram, mas para mim foi um ato de censura indireta.

Fizeram isso dessa maneira pois sabem que não tem um produto bom para apresentar. O jogo da Seleção Brasileira foi sofrível, beirando à mediocridade. Então se restringe a chance de se ver algo melhor, diferente, mais emocionante, para que em próxima oportunidade o consumidor não saiba que tem essa opção.

As duas “censuras” impactam diretamente no aspecto financeiro e negocial do futebol. Menos exposição em rede social (seja ela qual for) gera menos engajamento, menos visualizações, menos monetização, menos consumo. A necessidade de “esconder” um evento com o jogo da seleção, mostra que há outras alternativas (talvez melhores) para se assistir, para se participar.

Não de graça, cada vez mais a “equipe canarinha” perde adeptos, perde fãs. Vi várias pessoas próximas a mim que adoram futebol, contudo, fizeram esforço zero para presenciar ou ver pela TV o jogo. A falta de proximidade com seu público, o ambiente sabidamente corrompido e a falta de qualidade do espetáculo levam à essa letargia.

A censura da rede social foi ruim para todo o ecossistema do futebol. Perde-se dinheiro. Afasta-se público consumidor de seu produto.

A censura indireta promovida pela CBF mostra a mediocridade de dirigentes que se preocupam com o próprio umbigo apenas. Ao invés de melhorar o seu próprio espetáculo, buscam estragar o espetáculo concorrente.

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