Os 8 P’s consagrados para as boas práticas da Governança Corporativa, via de regra aplicadas em grandes corporações, se aplicam até mais facilmente nas empresas familiares que pretendem tornar-se famílias empresárias. Este fato se dá em razão da menor complexidade formal que as caracterizam e pela agilidade na sua implementação, já que são empresas de pessoas, onde a comunicação pode ser mais fácil e os P’s poderão tornar-se uma linguagem comum a todos.
Vejamos:
1. Propriedade: Tanto as quotas da empresa quanto os demais bens da família integram o acervo proprietário dos membros da família. Estabelecer metas e prioridades para cada tipo de bem (móvel, imóvel, semovente) é prática de boa governança na medida em que a sua lógica deve ser aplicada de modo específico para cada um deles.
2. Princípios: Estabelecer princípios gerais da saudável gestão do patrimônio, da empresa e das relações familiares é fundamental para a manutenção da paz familiar, para a continuidade da empresa e perpetuidade do patrimônio. Dessa forma, princípios como o da veracidade, o da transparência, o da priorização, o da unidade de comando, entre outros, são decisivos para alicerçar a condução e o convívio entre os ativos da família empresária.
3. Propósitos: Proclamar os propósitos e objetivos da família em relação às expectativas pessoais e profissionais de seus integrantes assim como em relação à família, propriedade e empresa não somente é recomendável como clarifica a condução da sucessão na busca do encaminhamento de cada um deles.
4. Papéis: Nada é mais salutar do que o mapeamento do “status” de cada integrante familiar, no sentido de alocá-los na malha de relações de acordo com a sua participação no contexto da família empresária: se é diretor, sócio, herdeiro, conselheiro ou possui outra modalidade de participação.
5. Poder: Aí consagra-se o princípio da unidade de comando, no sentido de identificar os canais do ordenamento das diretrizes e estratégias da família empresária. Saliente-se que o Poder não necessita emanar de uma só pessoa, mas de um modelo de governança que pressupõe órgãos colegiados empoderados.
6. Pessoas: A família empresária é composta por pessoas e, para pessoas, a sua governança deve ser traçada na perspectiva delas devendo-se para tanto informá-las, prepará-las, treiná-las e gerar sempre o sentimento de pertencimento.
7. Práticas: Fomentar a cultura das práticas constantes é um exercício vital para uma família empresária saudável comprometida com a modernidade e sobrevivência. Não se faz estratégia nem diretrizes sem ação dinâmica e proativa.
8. Perpetuidade: Governa-se na perspectiva do crescimento e do desenvolvimento. A ótica e o compromisso da preservação do patrimônio, da família e da empresa (ou de alguns deles, se esta for a opção), sustenta a convicção de que a governança se faz necessária tendo em vista a paz no presente para o sucesso e harmonia de todas as gerações da família empresária.